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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

INTEGRAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E SOCIEDADE: O DESAFIO DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI

Harold Benjamin, em seu livro “O currículo do tigre dos dentes de sabre” (apud Bustamante, 1997: 19), apresenta uma curiosa parábola acerca das discussões curriculares que acontecem nas escolas. Segundo essa parábola, em uma determinada sociedade, o currículo escolar era composto de três tarefas básicas: pegar peixes com as mãos livres, matar pôneis a porretadas e afugentar com tochas os tigres de dentes de sabre.
Muitos anos depois de terem sido inventados diversos tipos de redes de pesca, depois de os pôneis terem sido domesticados e os tigres de dentes de sabre estarem em extinção, essas três “matérias” continuavam compondo os currículos escolares da sociedade em questão. Alguns educadores liberais defendiam então a necessidade de uma mudança curricular, substituindo as antigas disciplinas por outras mais adequadas às necessidades dos homens contemporâneos. Outros esbravejavam que bastaria aos seres humanos desenvolver as habilidades técnicas e racionais presentes nas disciplinas que ao longo do tempo vinham compondo os currículos, como a habilidade para pegar peixes com mãos limpas, a força e cautela para matar pôneis a porretadas, a coragem para afugentar tigres com tochas, para que estivessem aptos a desenvolver quaisquer outras capacidades e habilidades exigidas pelo mundo moderno. Outros, ainda, defendiam a permanência das antigas disciplinas no currículo por seus valores culturais.
A parábola mostra com clareza os dilemas que se colocam para educadores e estudantes atualmente. O papel da ciência e da tecnologia nas sociedades atuais é tão profundo que se torna difícil pensar um espaço, seja no trabalho, seja no lazer, em que não se façam presentes. As informações chegam às pessoas e aos mais diversos lugares em tempo e quantidades recordes. O futuro se vive antecipadamente – essa a impressão que se tem do mundo contemporâneo. E, nesse mundo, não são mais cabíveis as barreiras disciplinares e a estrutura curricular que moldaram e moldam ainda a maioria dos sistemas de ensino.
Espera-se que tudo isso possa ajudar a cultivar uma cultura sócio-técnica (social e técnica ao mesmo tempo) nos jovens estudantes que vão desenhar, através de decisões técnicas e políticas, o futuro desta sociedade. Numa sociedade que tem como meta aprofundar um conceito de democracia que implique uma participação cada vez mais ampla de todos os cidadãos na tomada de decisões que afetem suas vidas e seus interesses, uma cultura desse tipo se constituiria em uma verdadeira infra-estrutura de participação. Há que se salientar também que criar uma maior consciência da profundidade e alcance das relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade se revela como uma das metas mais importantes que a educação deve perseguir se se quer construir uma sociedade mais humana, justa e solidária, em que a ciência e a tecnologia sejam ferramentas fundamentais da promoção de fins socialmente relevantes.
Fonte: Site da Fundação Educacional de Divinópolis, Funed, UEMG Educação Superior

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